"...ao ler a Bíblia, Maria descobriu a miséria do homem diante da grandeza de Deus. Desde o início da humanidade, ele viu a queda deplorável de Adão e Eva, enganada pela serpente e se abandonando à sensualidade e ao orgulho. A amizade com Deus está quebrada e, infelizmente! o mesmo drama será renovado em escala cada vez maior ao longo dos séculos.
Lembramos o assassinato de Abel, o dilúvio e, apesar das misericórdias de Deus, as longas infidelidades de Israel no deserto. Uma vez na terra prometida, o povo escolhido não se corrige, infelizmente! Ele abandona seu Deus e se prostitui nas divindades de Canaã. Como em um coro, nas Crônicas lemos sobre reis: "Ele fez o mal aos olhos do Senhor" e Davi, o melhor deles, era adúltero e assassino.
Por tudo isso, Marie sofreu profundamente. Ele meditava demais na grandeza e bondade de Deus para não estremecer ao ver a ofensa. Mas o que a tornou ainda mais dolorosa foi o fato de estar literalmente em pedaços. Por um lado, profundamente unido a Deus pelos laços mais puros, ele sentia solidariedade com a raça humana. Aqueles homens que pecaram eram seus irmãos. Além disso, entre os mais culpados, ela encontrou o nome de seus antepassados, o mesmo sangue que ela pecou fluiu por suas veias. Filha de Deus, ela era ao mesmo tempo filha deste povo culpado. Foi uma tragédia, uma lágrima que prefigurou a de Cristo, de Deus e ainda do homem, que levou nossos pecados. Ele teve que levar Jesus e Maria ao Calvário para reparar nossa raça e trazer tudo de volta à unidade do amor.
Maria, que formaria a alma de Cristo, ficou arrasada e se perguntou se um dia ela não viria onde o mundo se reconciliaria com Deus e recuperaria sua unidade. E, olhando as Escrituras, ele descobriu o Messias.
Ele o viu predito desde os tempos antigos, cheio do Espírito de Deus, príncipe da paz, irradiando glória, justiça, mas também misericórdia e amor, sem extinguir o pavio que ainda fuma, cheio de bondade pelos pobres. Ele viu isso ainda mais profundo em Isaías, levando os pecados do mundo e redimindo-o com sofrimento, ele se tornou o homem da dor.
Enquanto estudava o Messias, Maria encontrou os sentimentos de seu coração e os desenvolveu dia após dia, ela já estava unida com quem nasceria dela, e havia sua preparação divina para este dia em que Deus lhe confiou seu filho.
Então deve ser sobre nós. Nas Escrituras, devemos cavar a grandeza de Deus, a miséria do homem, o amor e a descoberta de Jesus, para que então possa entrar em nossos corações que ele terá sido preparado como o de Maria. Mas para isso é necessário ler as Escrituras com essa pureza da alma, esse desejo de Deus que ele teve desde o dia de seu nascimento, que era sua vida e tinha que ser nossa. Que assim seja.
Trecho do sermão de um superior Cartuxo (Ordem de São Bruno) aos seus confrades na Natividade da Virgem Maria (em 1967);
